4 de dezembro de 2009

Empregos Verdes: uma alternativa para os desempregados

No Brasil, a economia verde gera diretamente 1 milhão e 500 mil empregos, segundo Organização Internacional do Trabalho (OIT), e até o ano de 2050 esse número pode chegar a 2 bilhões. As áreas de atuações, variam entre os setores de pesquisa científica, energias e combustíveis renováveis, coleta seletiva, artesanato, entre outros rumos. A reciclagem é a responsável por um terço dos “empregos verdes” e emprega 500 mil pessoas, segundo a OIT.
A Cooperativa de Coleta Seletiva e Reciclagem (CRUFFI), em Itaquera, zona leste, é um exemplo em que a preservação do meio ambiente foi a motivação para a geração de renda. Ela foi fundada quando um grupo de desempregados decidiu unir forças para criar a cooperativa, que já teve 150 cooperados, segundo a diretora da CRUFFI, Zilda Felix. Hoje, apenas dez cooperados fazem parte da instituição, porém só 5 atuam efetivamente, a redução no número é devido a falta de material reciclável. “Com a redução do material tive de dispensar muitos cooperados. Não temos um caminhão para transportar nossa reciclagem. Aquilo que separamos são doações de moradores próximos a CRUFFI, de pessoas que trazem de carro ou dos ‘bags’ que carregamos pelo bairro. Mas todos os nossos cooperados ganham até um salário mínimo”, explicou a diretora Zilda Felix.
O artesanato é a atividade que mais gera empregos indiretos segundo a coordenadora de comunicação do CBCS (Conselho de Construção Sustentável) e consultora em marketing e sustentabilidade, Vivian Blaso. “Não existem dados exatos sobre o número de pessoas que desenvolvem peças de artesanato, no Brasil, porque não é algo que exige licença para a execução e sim a criatividade e esforço de cada indivíduo.”, afirma a consultora.

27 de novembro de 2009

A inclusão que preserva o meio ambiente

O meio ambiente não é a única preocupação na CRUFFI. A inclusão social é uma questão presente na cooperativa que, quando pode, não hesita em oferecer trabalho para aqueles que o mercado fecha as portas.

Inicialmente, a CRUFFI foi formada por desempregados com mais de 40 anos. Eles não eram, mas se tornaram catadores em virtude das necessidades. Além de desempregados a cooperativa já teve ex-presidiários, que não conseguiram se reabilitar no mercado de trabalho por falta de oportunidades. “Já tive dois ex-presidiários aqui. Uma trabalhou por seis meses. Um rapaz trabalhou aqui por quatro anos, e nunca me deu problema”, diz a presidente da CRUFFI, Zilda Felix.

Dona Zilda não nega trabalho àqueles que recorrem à cooperativa. “Pessoas que já estiveram presas, que recorrem ao trabalho da CRUFFI, eu não digo não, eu pego. Eu gostaria que todas as pessoas aqui fossem indicadas, mas nem sempre isso acontece. E eu não os pego quando está fraco o serviço”, diz dona Zilda.

Atualmente a CRUFFI conta com 10 cooperados, mas apenas 5 estão trabalhando. O senhor Guilherme França, 46, é frentista, mas há um ano está desempregado. Há quatro meses, Dona Zilda o convidou para trabalhar na cooperativa. Para seu Guilherme, “esse trabalho é muito importante para a limpeza do meio ambiente, e também está sendo um emprego direta, e indiretamente”.

A CRUFFI passa por um momento difícil, pois o volume de material que gera a renda dos cooperados está fraco, e o veículo, que é uma ferramenta essencial para eles, está em falta. “A situação deles é um pouco triste, porque agora o trabalho está pouco e isso é um fracasso grande dentro da cooperativa, porque nós estamos sem um veículo. E a cooperativa funcionar sem um veículo é difícil, e por isso deixei muitos sem cargo por falta de serviço aqui dentro”, conta dona Zilda.

A prestação de serviço à sociedade, através da coleta de materiais recicláveis, aliada à conscientização ambiental é a função exercida pelos trabalhadores da CRUFFI. “A CRUFFI para nós é um meio de vida, um trabalho. A gente tá ajudando o meio ambiente, a limpar praticamente a rua, catar tudo o que o pessoal joga fora, um plástico, papelão, papel. A gente trás pra cá e recicla”, concluiu o cooperado, Rubens Barbosa.

texto escrito por Marjorie Luz, para o Jornal da Cruffi

Nasceu

Tudo começou com uma vontade.

Uma vontade de fazer alguma coisa de diferente pelo local onde vivemos, ou talvez por nós mesmos, mas tudo começou com uma vontade. Do nosso lado, a vontade de estudar jornalismo, de ser um agente noticiador, de tentar transformar a realidade e a nossa realidade. Do outro lado, a vontade de mudar a vida de pessoas que já não tinham esperança, que precisavam de ajuda e precisavam se ajudar.

Do nosso lado, entramos na universidade. Conhecemos pessoas, agregamos valores, e aprendemos que o mundo vai muito além dos muros e portões da universidade. Do outro lado, eles se uniram, e criaram uma Cooperativa. Sabe, Cooperativa? O dicionário explica até de uma forma bem bonita o que é uma Cooperativa: "associação de consumidores ou de produtores que, eliminando a exploração dos intermediários etc., exerce quaisquer atividades econômicas em benefício dos associados, sem lucro". Éramos universitários; eles, cooperados. Colaboradores entre si, deles e para eles.

Do nosso lado, ouvimos e aprendemos acerca da Comunicação Comunitária. Do lado deles, viviam a comunicação em comunidade, batendo de porta em porta e ensinando a respeito da coleta seletiva do lixo, da separação de lixo orgânico do lixo reciclável, e ensinando, principalmente, um pouco de cidadania.

Aqui, fomos instigados a criar um produto, um veículo de comunicação para uma comunidade. Lá, eles precisavam se comunicar. E então esses caminhos se cruzaram.

Agora, o que queremos é passar pra eles essa criação, ajudá-los a comunicar suas necessidades, seus ensinamentos, comunicar que o mundo precisa ser mais seletivo. O que esperamos é que esse esforço em criar um jornal, um blog, um twitter, seja recompensado, não para nós. Nós queremos que eles sejam recompensados. Que eles tenham os seus objetivos atingidos, que eles consigam mudar o local onde vivem, e suas próprias vidas.

Para nós? O que nós esperamos é que esses caminhos não se separem. Que nós possamos continuar aprendendo uns com os outros, e que o aprendizado se torne real. Faça parte de uma vida real. Bem mais distante, bem mais além do virtual.

Aqui não nasce uma comunidade. Aqui nasce apenas uma nova forma de se comunicar.

[texto escrito pelos alunos do 4º semestre de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul]